sexta-feira, 21 de março de 2014

‘Museu Vivo’ deste domingo (23) tem paçoca, artesanato em bambu e muita moda de viola

A dupla de violeiros Danilo e Daniel participam do 'Museu Vivo'
Bastante consumida na época da Quaresma, a paçoca é uma das sabedorias populares bastante cultivada pela culinária regional. Neste domingo (23), durante as atividades do Projeto Museu Vivo, do Museu do Folclore, da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR), a ‘fazedora’ Maria Luiza da Cruz vai demonstrar um pouco dessa sabedoria.

Também participam do projeto, neste final de semana, a artesã Lecidina Santos Inácio e os irmãos Olavo José de Almeida e Daniel José de Almeida, que formam a dupla de violeiros Danilo e Daniel. “O contato com estes ‘fazedores’ é sempre uma experiência muito rica”, atesta o pesquisador Francisco Lacaz Ruiz (Chico Abelha), que trabalha na identificação destes ‘saberes’.

As atividades do ‘Museu Vivo’ são realizadas sempre aos domingos, entre 14h e 17h, no lado externo do Museu do Folclore, que neste período também permanece aberto para visitas à exposição.

Confira o perfil dos ‘fazedores’

Maria Luiz da Cruz
Maria Luiza da Cruz vivia na roça em São José dos Campos e desde criança foi muito curiosa. Aprendeu a fazer o que sabe olhando os pais e ‘inventando’ sempre mais um pouco. "Se não souber eu invento... daí, de noite, quando eu to dormindo, a cabeça me ensina e de dia eu levanto e faço o que ela me mostrou.", diz ela com sua simplicidade.

Na Quaresma costuma fazer paçoca num pilão que ela comprou inacabado e terminou de furar com ajuda de um caco de vidro. Também faz peneiras, balaios, covos de pesca, ninho de galinha; tira leite de vaca, aparta bezerro, amansa boi e muitas outras coisas. Faz artesanato mais para se ocupar e ocasionalmente vende o que produz.

Lecidina Santos
Lecidina Santos Inácio faz artesanato em bambu e alerta: "não pode ser qualquer bambu, tem que ser taquaruçú e colhido na lua certa, que senão caruncha"! Até hoje ela usa uma peneira que fez com este tipo de bambu, para abanar a casca do amendoim torrado utilizado no preparo da paçoca. Além da peneira também faz uma infinidade de outros objetos em bambu.

Danilo e Daniel é o nome da dupla de violeiros formada pelos irmãos baianos Olavo José e Daniel. O gosto pela música vem do tempo em que, ainda pequenos, escutavam o pai tocar viola e ouviam num rádio de pilha as modas da época. Ouviam e pensavam que um dia poderiam tocar e cantar juntos. Para comprar o primeiro violão juntaram dinheiro e começaram a praticar com a ajuda de um livrinho que ensinava as posições cifradas. Enquanto um tocava o outro cantava, já que tinham apenas um violão.

Quando se mudaram para São José dos Campos, já adultos, ficaram sabendo de seu Ivo Viola, um professor com quem aprimoraram o que já sabiam. Hoje, tocam e cantam porque gostam, para amigos e parentes, sem cobrar nada. 

Museu do Folclore: Avenida Olivo Gomes, 100, Parque da Cidade, Santana. Informações: 3924-7318.