A dupla de violeiros Danilo e Daniel participam do 'Museu Vivo' |
Bastante
consumida na época da Quaresma, a paçoca é uma das sabedorias populares
bastante cultivada pela culinária regional. Neste domingo (23), durante as
atividades do Projeto Museu Vivo, do Museu do Folclore, da Fundação Cultural
Cassiano Ricardo (FCCR), a ‘fazedora’ Maria Luiza da Cruz vai demonstrar um
pouco dessa sabedoria.
Também
participam do projeto, neste final de semana, a artesã Lecidina Santos Inácio e
os irmãos Olavo José de Almeida e Daniel José de Almeida, que formam a dupla de
violeiros Danilo e Daniel. “O contato com estes ‘fazedores’ é sempre uma
experiência muito rica”, atesta o pesquisador Francisco Lacaz Ruiz (Chico Abelha),
que trabalha na identificação destes ‘saberes’.
As
atividades do ‘Museu Vivo’ são realizadas sempre aos domingos, entre 14h e 17h,
no lado externo do Museu do Folclore, que neste período também permanece aberto
para visitas à exposição.
Confira o perfil dos ‘fazedores’
Maria Luiz da Cruz |
Maria Luiza da Cruz vivia na roça em São José dos Campos e desde criança foi muito
curiosa. Aprendeu a fazer o que sabe olhando os pais e ‘inventando’ sempre mais
um pouco. "Se não souber eu invento... daí, de noite, quando eu to
dormindo, a cabeça me ensina e de dia eu levanto e faço o que ela me
mostrou.", diz ela com sua simplicidade.
Na
Quaresma costuma fazer paçoca num pilão que ela comprou inacabado e terminou de
furar com ajuda de um caco de vidro. Também faz peneiras, balaios, covos de
pesca, ninho de galinha; tira leite de vaca, aparta bezerro, amansa boi e
muitas outras coisas. Faz artesanato mais para se ocupar e ocasionalmente vende
o que produz.
Lecidina Santos |
Lecidina Santos Inácio faz
artesanato em bambu e alerta: "não pode ser qualquer bambu, tem que ser
taquaruçú e colhido na lua certa, que senão caruncha"! Até hoje ela usa
uma peneira que fez com este tipo de bambu, para abanar a casca do amendoim
torrado utilizado no preparo da paçoca. Além da peneira também faz uma
infinidade de outros objetos em bambu.
Danilo e Daniel é o nome da dupla de violeiros formada pelos irmãos
baianos Olavo José e Daniel. O gosto pela música vem do tempo em que, ainda
pequenos, escutavam o pai tocar viola e ouviam num rádio de pilha as modas da
época. Ouviam e pensavam que um dia poderiam tocar e cantar juntos. Para
comprar o primeiro violão juntaram dinheiro e começaram a praticar com a ajuda
de um livrinho que ensinava as posições cifradas. Enquanto um tocava o outro
cantava, já que tinham apenas um violão.
Quando
se mudaram para São José dos Campos, já adultos, ficaram sabendo de seu Ivo
Viola, um professor com quem aprimoraram o que já sabiam. Hoje, tocam e cantam
porque gostam, para amigos e parentes, sem cobrar nada.
Museu do Folclore: Avenida Olivo Gomes, 100, Parque da Cidade, Santana.
Informações: 3924-7318.